Neste complemento, Thais mostra ainda mais discernimento nas respostas, onde a franqueza marca como principal característica. É sempre enriquecedor poder conhecer um pouco melhor uma atleta desse (ótimo) nível, consciente dos problemas e desafios de sua profissão. Enfim, a nossa "Hope" foi uma excelente entrevistada. Confiram:
FM - Como é o Campeonato Espanhol? É possível viver bem como jogadora profissional fora do Brasil?
Thais - A Super Liga como é chamada, é muito bem organizada e conta com equipes bem igualadas tecnicamente, com poucas exceções. A maioria dos jogos são disputados em campos de gramado sintético e isso para mim é um ponto negativo. A Espanha, comparada com alguns países europeus, não tem um futebol feminino tão difundido, mas mesmo assim não tem comparação com o Brasil.
Um forte diferencial é que ganhamos em Euro e, convertendo, acabamos ganhando de duas a três vezes mais do que ganharíamos no Brasil. É um salário fixo e garantido. Geralmente, as brasileiras aqui são bem valorizadas. Por isso também são muito mais cobradas e às vezes um pouco massacradas pela torcida, diretoria, etc.
FM - Como viu o desempenho da Seleção no Pan do Rio e no Mundial da China? Acompanhou? Torceu?
Thais - Durante alguns jogos do Pan eu ainda estava de férias no Brasil e é claro que acompanhei todos, torci muito e me emocionei muito, também. Durante o Mundial, eu já estava aqui treinando e assisti aos jogos pela internet, e fiquei muito orgulhosa das meninas, porque muitas das que estavam jogando são amigas minhas.
Fiquei muito feliz pelas meninas e pelo futebol feminino brasileiro em si, e minha mãe também sempre me mantém informada de tudo (risos). Ela se emociona mais do que eu.
FM - Acredita que algo vai mudar na estrutura do futebol feminino brasileiro após esses ótimos resultados?
Thais - Eu acredito que algo já mudou: a mentalidade da sociedade em relação a jogadora de futebol em si, e isso é um grande passo. Passando por tudo que já passamos no Brasil, não sei se posso me dar ao luxo de acreditar, mas espero que as coisas comecem a caminhar para um rumo diferente de tudo que já passou até hoje. Que a mídia se sensibilize e ajude a fazer do futebol feminino uma profissão e não somente um passatempo.
FM - A maior rivalidade do futebol feminino mundial é mesmo Brasil e EUA?
Thais - Com certeza. Acredito que muito mais pela postura das americanas do que por qualquer outra coisa. Um ar de superioridade que caiu por terra, finalmente.
FM - Continua com a intenção de voltar para a Seleção?
Thais - A seleção é uma coisa que aprendemos a amar desde pequenos e sempre será um sonho. Só que já comprei muita briga aqui para poder jogar com a seleção e não obtive o resultado esperado. Financeiramente, perderia um pouco voltando para a seleção, mas eu sou brasileira e minha pátria sempre vem em primeiro lugar. Acredito que se fosse em um projeto bacana e com um trabalho feito por bons profissionais, eu não pensaria duas vezes para voltar a jogar na seleção.
Um comentário:
Gostei de ver, Mozão!
abs,
Dassler
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