quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Torneios de base em 2008

Seleção sub-17: nova geração garimpada por Marcos Gaspar

É de conhecimento até do mundo mineral que ano que vem teremos os Jogos Olímpicos, quando as meninas brasileiras receberão - mais uma vez - um bom destaque na mídia. Será, também, o ano do primeiro calendário completo de base no futebol feminino. Os Mundias sub-17 e sub-20 acontecerão no 2º semestre.

Copa do Mundo sub-20/ Chile (16 seleções):

Período: entre 19 de novembro e 07 de dezembro.

Já classificados: Coréia do Norte, Japão e China (Ásia); Alemanha, França, Inglaterra e Noruega (Europa); Chile (sede).

Sul-americano: 17 de fevereiro/02 de março (no Brasil, a confirmar).


Copa do Mundo sub-17/ Nova Zelândia (16 seleções):


Período: entre 28 de outubro e 16 de novembro.

Já classificados: Nova Zelândia (sede).

Sul-americano: entre 12 e 30 de janeiro, no Chile (1ª fase - Quilín e Melipilla; fase final - Villarrica)


terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Birgit? Faça-me rir!

Leva jeito pra coisa, não?

Juca Kfouri publicou em seu blog (link ao lado) texto de Roberto Vieira (sob a alcunha de Hans Fisher) que defende a eleição de Birgit Prinz como melhor do mundo. Argumenta que seria mais "objetiva" e sem as descartáveis "acrobacias", que iludiriam os jurados.


Não se trata de "patriotada" o que escrevo a seguir:


Não há qualquer fundamento para sustentar Prinz como melhor do mundo, ou, então, que elejamos Inzaghi como o melhor no masculino. Se é por "objetividade", "bola na rede", o oportunista italiano fez 4 gols em duas finais pelo Milan (Liga dos Campeões e Mundial de Clubes). Além disso, Inzaghi e Prinz possuem semelhanças no trato com a bola. Geralmente, de canela...

Falando em "objetividade": Quem foi a artilheira do Mundial da China? Marta. Quem fez mais gols por uma seleção nacional em 2007? Marta. Quem tem média de mais de um por jogo em 2007? Marta. Quem é artilheira ou briga pela artilharia do Campeonato Sueco todo ano? Marta. A alemã fez um discreto Mundial e seu time foi eliminado cedo da UEFA Cup. Marta foi finalista nos dois torneios.

Mesmo sendo "pouco importante" para os "militantes da eficiência": Quem foi aplaudida de pé várias vezes na Ásia? Marta. Quem reiventou, elevou o nível, trouxe novo parâmetro para a modalidade, de acordo com a comunidade internacional do futebol? Marta. Quem levou 70 mil no Maracanã numa quinta-feira ao meio-dia? Marta. Isso que estamos em um país onde há muito preconceito e todas as mazelas que cansamos de comentar neste blog.

Em qualquer rincão do mundo não há dúvidas de quem é a melhor da história, quanto mais do ano. O futebol feminino se conta antes e depois da alagoana. Com 21 anos (Prinz WHO, com essa idade?), caminha pra mitificar-se.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

"Magic" Marta pela segunda vez...

Sorria, você está sendo premiada!


Surpresa? Nenhuma. Marta levou o título de melhor do mundo com total justiça, novamente. A sequência foi a mesma do Mundial e que colocamos aqui no blog. Cristiane estreou no FIFA Gala como Marta em 2004: 3º lugar. Prinz, o Luca Toni de saias, faturou o troféu prateado.




Messi - um dos concorrentes no masculino - deu uma declaração na coletiva de que não acompanha e não gosta de futebol feminino. Absolutamente normal; de acordo com a média da população latino-americana. Só dois comentários meus: 1º) Messi não precisava manisfestar publicamente, em razão das dificuldades atávicas no desenvolvimento do futebol feminino. 2º) A escolha de "La Pulga" como o segundo melhor do mundo não tem base na realidade. Cristiano Ronaldo merecia o vice e foi injustiçado. Quem sabe o sensacional vice-campeonato da Copa América 2007 tenha pesado...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Diminuir o gol? Bola mais leve?

Marta deve concordar: não é fácil ouvir certas coisas

Estamos em um país de uma cultura esportiva paupérrima. Pouco entendemos de futebol, a paixão nacional, onde todos deveríamos ser (supostamente) PHDs. A verdade nua e crua é que mais torcemos do que qualquer outra coisa. Imaginem, então, com outros esportes. Nossa imprensa esportiva reflete essa situação. O péssimo nível é uma marca que se acentua.

Todas as vezes que acontece uma competição de futebol feminino com razoável cobertura midiática, nossos prezados comentaristas dão seus pitacos sobre a modalidade. A base histórica, o conhecimento do que se passa, é - salvo dois ou três (com generosidade!) - nenhuma. Ao ver uma falha de goleira ou um lance mais estranho voltam com o discurso da necessidade de mudanças nas regras. A bola é pesada, o campo enorme, a trave que precisa diminuir, o tempo é excessivo. Enfim, elencam uma série de problemas e sugestões que poderiam ajudar no desenvolvimento.

Interpreto como um "voluntarismo" pouco útil. Qualquer tipo de mudança brusca seria um equívoco. O feminino precisa de dinheiro, mais e maiores competições com visibilidade. A única consequência de uma mexida abrupta nas coisas seria legimitimar a limitação das meninas e, sobretudo, sepultar a tentativa de levá-lo aos rincões mais pobres do planeta. O futebol masculino deve ser a referência para a evolução técnica, tática e física das mulheres. Isso já acontece. As goleiras, por exemplo, melhoraram bastante desde 91, no 1º Mundial da China.


Diferenças no padrão estético estão no voleibol, basquetebol, tênis. Conviver com elas seria tão difícil? Isso cheira ao mais absurdo arrivismo que existe no futebol e em seus "analistas". Gostar ou não de futebol feminino é uma opção. Entretanto, mudanças desse tipo são inviáveis, ineficazes e só iam dificultar o que já é muito complicado. A tábua de salvação para o futebol das mulheres ficar melhor é, justamente, ter o masculino como paradigma, como motor, embora reitere: elas têm seu próprio jogo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Thais na Sub-17

A garota tem estilo

E não é que a jovem Thais Duarte foi convocada para a seleção sub-17? Com apenas 14 anos (20/01/1993), é umas das (boas) apostas do técnico Marcos Gaspar para compor o grupo. A princípio, figura entre as 28 escolhidas. Teremos alguns cortes, ainda. A convocação visa o Sul-americano de janeiro, no Chile.

Conheci Thais pela TV, no programa "Hstórias do Esporte", da ESPN Brasil. Em post recente, fiz a observação de que acompanharia mais de perto o prodígio. Com o chamado, as coisas podem ser facilitadas. Os elogios são muitos, de todos os lados. Que a menina saiba levar toda a pressão para o bom caminho. Talento parece não faltar

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Parabéns, Cristiane!

Cris brilhou diante das americanas

Todos sabemos que o prêmio de melhor jogadora do Mundo 2007 irá para as mãos de Marta, novamente. Só que, desta feita, terá companhia brasileira no pomposo evento da FIFA. Cristiane será a provável "Bola de Bronze" na eleição, como já ocorrera no Mundial - aliás, a competição foi a única e justa referência para o colegiado (técnicos e jogadoras com a braçadeira).

Esta façanha do futebol feminino brasileiro é mais que espetacular. Consagra-o como o melhor do mundo no aspecto individual. Duas atletas (21 e 22 anos) de excepicional qualidade e com, pelo menos, 10 anos de carreira pela frente. Não há no planeta outro país com essa projeção de jovens prodígios. E pensar que isso tudo acontece por aqui, apesar da CBF. O "hômi" nasceu virado pra lua. Não tem jeito.

Palpite (barbada!):

1ª - Marta (BRA)
2ª - Prinz (Tuta de saias - ALE)
3ª - Cristiane (BRA)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Que surpresa!

O senhor é um fanfarrão!

Não quero me alongar sobre este tema. A tecla já está bem desgastada. Só que nossa CBF parece não cansar de dar mancadas com as meninas da seleção. Será que é tão difícil cumprir o que se promete? Segundo a gazetaesportiva.net, em matéria assinada por Daniel Marques, a premiação foi de 15 mil reais cada uma, menos do que o anunciado em carta aberta, após o Mundial.

Surpreende? Absolutamente. As desculpas são sempre as mesmas (Rodrigo Paiva não me parece ser má pessoa, saliente-se). Um detalhe: Marco Antônio Teixeira, cartola e parente de Ricardo, recebeu integral pela Copa do Mundo de 2002. Quantos gols ele fez?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Caprichoso esse futebol, não?


Fim de semana de Eliminatórias Sul-americanas no futebol masculino. No sábado à tarde, mais uma vez o cerebral meia Juan Román Riquelme roubou a cena. Sem jogar no Villarreal, Román tem sido o destaque argentino das primeiras rodadas. Um fundamento, aliás, tornou-se o seu carro-chefe: as cobranças de faltas. A precisão imposta pelo camisa 10 assombra. Já são 3 belos gols.

E o que essa situação de inatividade do craque tem a ver com a temática do blog?

Lembrei que Rosana, ala da seleção brasileira, confessou não treinar faltas. Evidente que não é o caso de Riquelme. Porém, ambos não estarem rotineiramente se preparando, seja por imposição do técnico chileno que não o permite jogar (e chegar com maior ritmo para a seleção), seja por simples opção, no caso dela, colocam-me, logo, algumas "pulguitas" atrás da orelha.

Pois a jogadora do Neulengbach austríaco, ironicamente, foi muito precisa diante de canadenses e mexicanas no Pan. Duas bolas na "coruja". Os momentos dos gols? Mais que fundamentais, sobretudo na semifinal, quando a partida diante da equipe azteca - transcorria a etapa complementar - estava empatada em zero.

Não farei apologia alguma aos que não treinam ou se preparam. Apenas reflito sobre o quão perigoso é formular teorias absolutas no futebol. O "manhoso" esporte bretão pode desmentí-las a qualquer instante. Talentos como Riquelme e Rosana são exemplos disso.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Entrevista com Thais - 2ª Parte



Neste complemento, Thais mostra ainda mais discernimento nas respostas, onde a franqueza marca como principal característica. É sempre enriquecedor poder conhecer um pouco melhor uma atleta desse (ótimo) nível, consciente dos problemas e desafios de sua profissão. Enfim, a nossa "Hope" foi uma excelente entrevistada. Confiram:

FM - Como é o Campeonato Espanhol? É possível viver bem como jogadora profissional fora do Brasil?

Thais - A Super Liga como é chamada, é muito bem organizada e conta com equipes bem igualadas tecnicamente, com poucas exceções. A maioria dos jogos são disputados em campos de gramado sintético e isso para mim é um ponto negativo. A Espanha, comparada com alguns países europeus, não tem um futebol feminino tão difundido, mas mesmo assim não tem comparação com o Brasil.

Um forte diferencial é que ganhamos em Euro e, convertendo, acabamos ganhando de duas a três vezes mais do que ganharíamos no Brasil. É um salário fixo e garantido. Geralmente, as brasileiras aqui são bem valorizadas. Por isso também são muito mais cobradas e às vezes um pouco massacradas pela torcida, diretoria, etc.

FM - Como viu o desempenho da Seleção no Pan do Rio e no Mundial da China? Acompanhou? Torceu?

Thais - Durante alguns jogos do Pan eu ainda estava de férias no Brasil e é claro que acompanhei todos, torci muito e me emocionei muito, também. Durante o Mundial, eu já estava aqui treinando e assisti aos jogos pela internet, e fiquei muito orgulhosa das meninas, porque muitas das que estavam jogando são amigas minhas.

Fiquei muito feliz pelas meninas e pelo futebol feminino brasileiro em si, e minha mãe também sempre me mantém informada de tudo (risos). Ela se emociona mais do que eu.

FM - Acredita que algo vai mudar na estrutura do futebol feminino brasileiro após esses ótimos resultados?

Thais - Eu acredito que algo já mudou: a mentalidade da sociedade em relação a jogadora de futebol em si, e isso é um grande passo. Passando por tudo que já passamos no Brasil, não sei se posso me dar ao luxo de acreditar, mas espero que as coisas comecem a caminhar para um rumo diferente de tudo que já passou até hoje. Que a mídia se sensibilize e ajude a fazer do futebol feminino uma profissão e não somente um passatempo.

FM - A maior rivalidade do futebol feminino mundial é mesmo Brasil e EUA?

Thais - Com certeza. Acredito que muito mais pela postura das americanas do que por qualquer outra coisa. Um ar de superioridade que caiu por terra, finalmente.

FM - Continua com a intenção de voltar para a Seleção?

Thais -
A seleção é uma coisa que aprendemos a amar desde pequenos e sempre será um sonho. Só que já comprei muita briga aqui para poder jogar com a seleção e não obtive o resultado esperado. Financeiramente, perderia um pouco voltando para a seleção, mas eu sou brasileira e minha pátria sempre vem em primeiro lugar. Acredito que se fosse em um projeto bacana e com um trabalho feito por bons profissionais, eu não pensaria duas vezes para voltar a jogar na seleção.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Entrevista com Thais - 1ª Parte




Conforme o prometido, reproduzo a 1ª parte da entrevista com Thais Ribeiro Picarte, goleira do Sporting de Huelva, da Espanha. Muito gentil com esse blog, a atleta nos brindou com informações sobre sua carreira e opiniões sobre os mais diferentes temas do futebol feminino. Que conheçamos, então, um pouco da "Hope" brasileira.

FM - Conte-nos um pouco sobre como começou no futebol. Houve preconceito ou resistências de familiares para que você se tornasse uma jogadora profissional?

Thais -
Na minha família somos 4 filhas e todas sempre gostamos de esporte. Começamos todas juntas a jogar no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André. Haviam algumas competições interclubes e eu fazia parte da seleção do clube. Depois de algum tempo, o clube levou algumas meninas para fazer teste no Aspirantes do São Paulo Futebol Clube, eu acabei passando, comecei a treinar e jogar com eles.

Minha família nunca me proibiu de nada, pelo contrário, sempre me apoiou muito. Meu pai era um apaixonado por futebol e sempre adorou que jogássemos; minha mãe não gostava muito, mas nunca deixou de me apoiar.

FM - Por quais clubes passou? Como se deu a transferência para a Europa?

Thais –
NÃO-PROFISSIONAL:
1993 - 1998 - Times Campeonato Interno de Futebol de Campo do Clube Atlético Aramaçan/ Seleção do Clube Atlético Aramaçan
1996 – Di Laroufe futsal
1997 a 1998 - São Paulo Futebol Clube - Categoria Aspirante.
PROFISSIONAL:
1998 a 2000 - São Paulo Futebol Clube
2000 - Palestra São Bernardo.
2001 – Clube Atlético Juventus.
2002 - Lazio Calcio Feminile
2002 a 2003 - São Bernardo F.C.
2005 - São Paulo Futebol Clube
2005 – Convocação Seleção Brasileira Universitária
2006 – Palmeiras/São Bernardo
2006 - Convocação Seleção Brasileira - Principal
2006/2008 – Sporting Club de Huelva

O Sporting entrou em contato comigo através de uma amiga, e começamos a negociar pela internet. Tudo isso, claro, devido à minha convocação para a seleção brasileira, que é como um pré-requisito por aqui.

FM - Como foi seu ingresso na Seleção Brasileira?
Thais -
Foi no momento em que eu menos esperava, porque havia estado parada por algum tempo e acabava de voltar a jogar no Palmeiras/São Bernardo. Não estava na minha melhor fase, mas já estava lutando por isso há muitos anos.

FM - Em 2006, você disputou o fatídico Sul-americano de Mar Del Plata. O Brasil foi derrotado pela Argentina. O que aconteceu realmente naquele torneio? Os desfalques pesaram?

Thais -
Naquele torneio perdemos para nós mesmas. Tivemos algumas falhas na final e em uma delas tive participação. A arbitragem era muito ruim e a torcida à favor ajudou bastante. Com aquele time, poderíamos ter ganho tranquilamente. Tivemos falta de sorte e após os dois gols, elas se fecharam totalmente atrás e não podíamos penetrar de maneira alguma.

sábado, 10 de novembro de 2007

O que houve na Argentina?




















Em 2006, acompanhei com atenção ao Sul-americano feminino pelo site da Conmebol (não houve TV). Confesso que vinha animado pelos resultados folgados e a artilheira de Cristiane, de acordo com o esperado. A última partida do quandrangular final contra a dona da casa Argentina, embora pudesse ser mais difícil que as anteriores, o favoritismo era, claramente, brasileiro.


Pois, que a seleção "canarinho" perdeu por 2 a 0, e a vaga direta pra Pequim escapou. Como não houve cobertura da imprensa - nada foi repercutido no país - encarei como um resultado muito ruim, porém normal. A partir de um contato aqui outro ali, pipocaram algumas histórias sobre o torneio que me fizeram pensar se algo extra-campo não ocorreu estranhamente.


Nutro aversão por teorias da conspiração e a seleção estava desfalcada de algumas importantes jogadoras, só que sempre terei uma pontinha de desconfiança daquela obscura competição. Como tudo é meio nebuloso nos bastidores do futebol feminino brasileiro, nunca se pode duvidar que coisas extraordinárias possam ter acontecido.

Foto (Estádio José Maria Minella) : Em pé - Rosana, Daniela, Elaine, Mônica, Aline, Thaís. Agachadas - Cristiane, Grazi, Jatobá, Pezzato, Renata Costa.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Hope no banco? Tchau, Mr. Ryan!


Greg Ryan, técnico da seleção americana, não terá seu contrato renovado ao final de 2007, quando expira o vínculo com a U.S. Soccer. Depois de ser "prestigiado" com 3 amistosos diante das mexicanas - marcados antes do Mundial da China - onde continuou teimosamente com Hope Solo no banco de reservas, o Presidente da entidade Sunil Gulati divulgou sua decisão. Baseou-se numa análise completa do trabalho, desde Atenas. Porém, claro, a derrota histórica diante das brasileiras teve bastante peso nisso. Entre os próximos 30 e 45 dias, o nome para substituí-lo deve sair.


Evidente que ironizo a história com a Hope. Greg fez belo trabalho frente ao WNT (Women's National Team), onde acumulou 51 partidas invictas. Só que pecou em preparar mal a equipe para o confronto diante do Brasil, e num torneio curto como a Copa do Mundo, foi muita crise para se administrar, em pouquíssimo tempo. Uma semifinal com grande clima de tensão, em que toda energia dispendiada que não fosse para o duelo seria debitada na conta (e com CPMF). Brasil coeso, fechado e mordido versus EUA com leitura equivocada das atuações brasileiras, provocações desnecessárias e grupo dividido pelo "Hopegate". O resultado foi implacável e a U.S. Soccer não poderia fazer outra coisa, frente às condições espetaculares que oferece aos profissionais que contrata (não é CBF?).


Uma Hope chorosa no banco, talvez, tenha contribuído mesmo para a dispensa do técnico. Filmada a todo momento pela TV Chinesa, ficou como o símbolo do fracasso americano na semifinal.
Comandante novo, vida nova! E será muito interessante, quem sabe, para podermos rever seu maravilhoso sorriso. Afinal, não somos bobos nem hipócritas nesse blog.

sábado, 3 de novembro de 2007

Fabiana reforça o Sporting


Fabiana, finalmente, vai poder estrear no Campeonato Espanhol, na temporada 07/08. O Sporting de Huelva visita o Puebla neste final de semana e o técnico Antonio Toledo conta com a atacante brasileira para recuperar-se da derrota, em casa, frente ao Levante. A liberação da baiana era ansiada por dirigentes e comissão técnica, já que a equipe vinha caindo de rendimento, e a atleta é tida como uma das futuras melhores jogadoras do mundo. Este blog vai continuar acompanhando o desempenho da garota com atenção, já que partilha da ousada projeção dos espanhóis que a contrataram.


Ficha técnica:


Nome: Fabiana da Silva Simões
Local de nascimento: Salvador/BA, em 04/08/89
Altura: 1,63 cm Peso: 60 Kg
Clube formador: América/RJ

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Debate sobre a final do Mundial


Comento as observações do excelente Ubiratan Leal, jornalista da Trivela, sobre a derrota brasileira na final da Copa do Mundo (publicadas no blog do veículo e no Balípodo – links ao lado). Como pinço essas colocações de forma fragmentada e seletiva, há sempre algum perigo de mal entendidos. Mesmo assim, acredito que valha a pena o salutar exercício do debate:

Ubiratan: “Sim, o Brasil perdeu por inferioridade tática. A Alemanha esteve muito mais organizada em campo e sabia como tirar proveito dos pontos fracos do Brasil.”

Mozart: Não vi superioridade tática de nenhum dos lados. Houve alternâncias num duelo de imposição de estilos, e a Alemanha aproveitou o melhor momento no início da etapa complementar numa intensa marcação por pressão. Escapou ilesa do domínio brasileiro no 1º tempo.

Aliás, esse Brasil apresentou uma organização e uma disposição física inacreditáveis para uma equipe que pouco treinou e jogou desde Atenas. Não ficou devendo para nenhuma seleção nesses aspectos. Não foi apenas uma “reunião de talentos” como jogadoras e comissão técnica dos EUA, talvez, equivocadamente, pensassem antes da derrota.

Ubiratan: “Uma das razões para a inferioridade tática do Brasil é simples: falta campeonato aqui. A seleção brasileira não existe como time (é formada quando há torneio importante, mas não disputa torneios menores ou amistoso constantemente) e muitas das jogadoras não têm experiência de jogo competitivo. Assim, dificuldade em se adaptar à partida e lapsos de concentração são mais comuns.”

Mozart: Reitero que não vi inferioridade tática, nem física e muito menos técnica (surpreendente, dada a situação caótica até três meses atrás). Tanto que o que a Alemanha fez no 1º tempo foi respeitar o Brasil e dar a posse de bola, ao tentar correr o menor risco possível e especular nas saídas em velocidade. A falta de campeonatos, amistosos e maior experiência é um dado indiscutível.

Isso conta na estrutura macro, principalmente. Mas atribuir essa carência a derrota é algo, também, questionável. As brasileiras, apesar de tudo, chegaram bem preparadas na Ásia. Poderia citar que na partida diante dos EUA, tivemos um duelo entre a bastante inexperiente Ester contra as “rodadas” jogadoras americanas e o saldo foi bem positivo. Ela dominou o meio-campo. O 1º gol alemão saiu em buraco deixado por Tânia, que tem quatro mundiais e três Olimpíadas nas costas. Apesar do descaso da CBF, o Brasil mantém uma base tanto de jogadoras quanto do esquema, consolidado em Atenas por Renê Simões.

Ubiratan: “Enquanto isso não ocorrer, o Brasil dependerá de sorte para superar a Alemanha. Formar um time forte como o que conquistou o vice mundial foi um pouco disso. Conseguir um pênalti injusto no segundo tempo, também. Mas precisa de mais. Seria mais fácil fazer um projeto sério e não ter de contar com o acaso ou o talento de quem não tem apoio”.

Mozart: Alguns veículos da imprensa alemã avaliaram que a seleção local teve dose de sorte de sair sem tomar gols no 1º tempo e ver Marta perder penalidade, algo muito difícil de repetir na carreira da genial camisa 10. Sem oba-oba “ufanístico”, o Brasil mostrou que tem condições de derrotar qualquer adversário por mérito. Vencer os EUA por 4 a 0 - depois de 51 partidas invictas das americanas - sepulta qualquer dúvida sobre o potencial brasileiro em todos os aspectos do jogo. A penalidade também foi bem clara, com uma carga pelas costas na Cristiane.

Enfim, o velho clichê "perdeu no detalhe" até caberia após uma partida como a da final do Mundial. A linha foi muito tênue entre as equipes para atribuirmos de forma seca a um fator A ou B, embora a considerar todos os problemas que essas meninas têm para exercer sua profissão e a série de reivindicações para a melhoria de um quadro ainda muito aquém do necessário. Situações graves e crônicas que, certamente, dificultam as conquistas desses espetaculares resultados internacionais.

Por outro lado, o cenário nos próximos anos parece ser favorável para a seleção, dada a juventude de suas estrelas, e a aparente falta de renovação qualificada dos adversários. A (falta de) estrutura, os investimentos pífios “patrocinados” pela administração desastrada da CBF, comprometem a modalidade quando pensamos em longo prazo, mas a seleção brasileira conseguira sublimar parte disso, por ter um grupo talentoso e esforçado, onde três meses de treinamentos intensivos puderam modificar o quadro, como vimos nesse 2007.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Fabiana perto de voltar


A jovem atacante Fabiana, de 18 anos, está perto de voltar ao Sporting de Huelva, após ter problemas burocráticos e ser impedida de disputar as primeiras rodadas do Campeonato Espanhol. Destaque do último Mundial sub-20, na Rússia, a baiana deve integrar também a próxima seleção da categoria como grande referência, ao lado da goleira Bárbara.


Fabiana pode ser muito importante como opção para as aposentadorias (na seleção) de Pretinha e Kátia. Com um estilo "rompedor", pode fazer estragos em qualquer defesa, e seria uma atleta com características distintas em relação aos prodígios Cristiane e Marta.


Vale lembrar que o Huelva tem a goleira brasileira Thaís como titular. Logo a loira estará nesse blog por meio de uma interessante entrevista.

domingo, 28 de outubro de 2007

Parabéns, ESPN Brasil!


Mais uma vez a emissora se colocou na vanguarda midática no apoio aos abnegados e abnegadas que continuam lutando para a melhoria do futebol feminino brasileiro. O programa "Histórias do Esporte" - apresentado por Luis Alberto Volpe - foi franco e direto, de acordo com a linha do blog: existe a CBF para atrapalhar e os trabalhadores incansáveis que tentam levar a coisa adiante.


Foram várias histórias que contaram um pouco da saga de técnicos e jogadoras. Menção para Edson Galdino, do CEPE Caxias, Edson Castro, do Botucatu, Kleiton Lima, do Santos FC e Magali Fernandes, do Clube Atlético Juventus. Todos deram depoimentos corajosos para que possamos entender melhor o que se passa nos bastidores. Algumas jogadoras, sobretudo as da seleção, expressam a face do medo. E entendemos que não é fácil ter de viver no dilema entre desejar jogar na espetacular e encantadora equipe brasileira e expor os desmandos patrocinados pela CBF. Muito compreensível que toquem no assunto como se estivessem carregando uma caixa de cristais fragilíssimos. Não podemos esquecer que a retaliação e o revanchismo são praxe.


Fora do foco do programa, fiquei bastante curioso sobre o prodígio que treina no Clube Atlético Juventus. Thaís Duarte - jovem de 13/14 anos - parece conhecer muito do ofício. Este blog vai conferir os próximos passos da ferinha, não tenham dúvida.


Reitero minha admiração por esses Jornalistas - com jota maiúsculo mesmo - que dão a cara pra bater. Parabéns ao Trajano, sempre sensível à causa. E o que poderíamos dizer do sistema Globo/Sportv? Pensando melhor, não vamos estragar o post, não é?

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

"El bigodón": até quando?


Domingo, 22 horas, tem um programa imperdível sobre futebol feminino na ESPN Brasil: Histórias do Esporte, apresentado pelo experiente e laureado Helvídio Mattos. A interrogação da atração é "até quando" o descaso e a omissão dos dirigentes da Barra? Numa prévia que foi ao ar ainda há pouco, Edson Castro, técnico da boa equipe de Botucatu, cita a pérola de Américo Faria, 'El bigodón", que se refere às agremiações brasileiras da modalidade como "timinhos".

Mais uma vez, o absurdo do desrespeito com os abnegados que sustentam - respirando com a ajuda de aparelhos - o futebol feminino brasileiro. Além de todo o trabalho com quase nada de apoio, têm de aturar a administração incompetente e omissa da CBF, simbolizada por "El bigodón", um aproveitador que representa o que há de mais arcaico na área. Esses "dirigentinhos"...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

China pode ser o destino de Barcellos


O técnico Jorge Barcellos, vice-campeão mundial com a seleção brasileira, é um dos cotados para dirigir a China já nos Jogos Olímpicos. Com a intermediação do empresário gaúcho Eduardo Ponticelli, que mora em Xangai, inciaria o trabalho após a decepcionante campanha das donas da casa na Copa do Mundo, que acarretou a demissão da sueca Marika Domanski . Entretanto, a francesa Elisabeth Loisel ainda é a preferida dos dirigentes locais.

Sem dúvida, seria um ótimo prêmio pelo bom trabalho realizado com Marta e cia, desde o Pan. Por falar nisso, a CBF já quitou a premiação das meninas? Vai continuar com seu investimento pífio e pagando os profisisonais apenas durante treinos e competições? Pensa em alguém capacitado para, se preciso, substituí-lo? Com a palavra os nossos amados cartolas da Barra...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Recapitulação - Pré-Pan



Relembro artigo que escrevi para o blag do Mauro Beting em julho (publicado também no blog do Paulinho), onde abordara as perspectivas para o Pan do Rio. A bela história todos conhecem, embora o descaso não deva jamais ser eclipsado pela euforia ufanista.


Exílio ou clandestinidade?



Evidente que não são duas das opções mais agradáveis que uma pessoa possa escolher.Assim como foi o dilema enfrentado por militantes que reivindicavam um país mais justo durante a ditadura militar tupiniquim, até a "abertura" em 1979, essa é, também, a situação das valentes jogadoras de futebol feminino do Brasil (sem data pra acabar ainda, infelizmente).

Quem teve a "sorte" de poder se exibir internacionalmente – com qualidade – consegue contrato para poder viver exclusivamente da modalidade, uma minoria; quem não obteve essa "graça" acaba perambulando pelos campos e quadras nacionais, quando são constantemente tentadas a abandonar o esporte.Relegadas ao 4º plano por CBF e COB, que apresentam sua indiferença simpática quando necessário (sobretudo em época de Mundial e Olimpíada), ainda têm de conviver com o famigerado preconceito (será que nunca ninguém pensou numa campanha institucional para tentar eliminar essa praga?).

Os grandes resultados internacionais – especialmente a prata em Atenas - frente todas as dificuldades são produto não mais do que uma estrutura informal gerada pela massificação do futebol no Brasil, que reflete também entre as meninas, além de "espasmos" de bons trabalhos, como ocorreu com esse time medalhista olímpico.Falta lapidação, formação específica de profissionais, treinamento qualificado, mais e melhores competições, isto é, a estrutura formal, o outro lado da moeda, que abrigaria as interessadas em jogar, os talentos.

Historicamente, a Federação Paulista tem apoiado algumas iniciativas de organizar campeonatos e até mandou uma seleção estadual pra Queen Peace Cup 2006, que contou com Dinarmarca, Canadá e EUA com equipes completas, entre outras forças mundiais. Já a CBF, ao fornecer sua estrutura na Granja Comary, não faz mais que a obrigação e, às vezes, me força a pensar que mandar equipes femininas pra competições internacionais se torna uma mera formalidade no intuito de evitar um vexame pela possível ausência.

Ao indicar, em determinado período, Américo Faria como supervisor, vejo como chacota com quem acompanha a modalidade. A não manutenção de Renê Simões, que organizou razoavelmente a coisa em 2004, outro descalabro.Quem vê o discurso farisaico sobre o futebol feminino por parte de alguns cartolas que despacham na luxuosa sede da entidade na Barra da Tijuca, tende a ser ludibriado, afinal "estamos dando todas as condições para as atletas".Se alguma delas esboçar uma postura crítica, é escanteada imediatamente (como já aconteceu, inclusive).

Feitas as ressalvas, o desabafo, o Pan do Rio e o Mundial estão aí e teremos, apesar de tudo, força máxima. As grandes jogadoras, de diferentes gerações, estarão em campo: Formiga, Tânia, Pretinha, Kátia Cilene (que foram a Atlanta-96) se somam a Andréia, Rosana, Daniela Alves (estavam em Sidney-2000), que encontram Marta, Cristiane, Renata Costa (Atenas- 2004) chegando até a espetacular guarda-metas pernambucana Bárbara - 3ª colocada no Mundial sub-20 do ano passado.Jorge Barcellos, o técnico, vem fazendo bons treinos e escala a equipe num ofensivo 3-5-2, usando Renata Costa, que é volante de bom passe, como líbero.Mesmo sem Marta (apenas a melhor do Mundo em 2006 pela FIFA) e Elaine, que jogam no UMEA sueco e só serão liberadas depois de uma rodada de meio de semana pelo Campeonato Nacional, a reposição tem qualidade pra sustentar o nível.O Canadá deverá ser o grande adversário brasileiro no Rio de Janeiro, mesmo considerando que a Argentina aprontou (venceu o Brasil) no Sul-americano de Mar del Plata em 2006 e os EUA, ainda que com a sub-20, nunca pode ser descartado.

De qualquer forma, a margem de erro das meninas é sempre mínima, pois precisam vencer tudo, com esse pequeno apoio, para poderem aspirar um melhor horizonte e alguma visibilidade midiática. Tarefa pra lá de hercúlea. Entretanto, jamais ousem duvidar da força interior dessas guerreiras quem vêm sofrendo anos a fio. Se a redemocratização do páis é um processo em desenvolvimento, no futebol mal superamos a segregação de gênero.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mocinhos e bandidos


Quando o assessor de imprensa da CBF se manifestou sobre o documento em que as jogadoras da seleção brasileira denunciaram o estado de coisas lamentável da modalidade após a disputa do Mundial da China, acabou por resumir toda a hipocrisia e a desfaçatez da entidade que dirige(?) o futebol brasileiro. A CBF, ou "o mocinho da história", como prefere Rodrigo Paiva, faz tipo para a imprensa oficial (nós sabemos muito bem quem é), que mais uma vez realizará uma cobertura "cor-de-rosa" (ou chapa branca?) dos desdobramentos do caso. Entretanto, esse blog estará sempre com disposição para incomodar bajuladores e bajulados do futebol feminino brasileiro. Como não sou afeito a maniqueísmos - expediente do nobre assessor - prefiro uma singela saudação: Alvíssaras!
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