Marcos Gaspar e Ketlen: ele merecia essa medalha
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O Brasil conquistou seu quarto título sulamericano sub-20. Poderíamos falar muitas coisas, como elogiar as atletas (Alanna, Ester, Leah e vários destaques individuais). Com certeza, teremos condições de fazer uma avaliação individual e de alternativas táticas com o tempo.
Nesse momento, porém, não cabe outro tema que não seja o técnico Marcos Gaspar. Esse blog já foi duro com ele. Talvez tenha até sido rigoroso demais com quem tanto bem faz ao futebol feminino brasileiro. Por ocasião da eliminação no Mundial Sub-17, o blog não o poupou (post mais abaixo), embora tenha reconhecido todos os méritos e as dificuldades do caminho enfrentado em 2007-2008.
Agora faço, com maior prazer e felicidade, uma avaliação do processo iniciado em março de 2009 com a seleção brasileira sub-19 (agora sub-20). Esse título foi mais que merecido. Aliás, nenhum profissional do futebol feminino merecia mais. Vejamos alguns pontos:
- Marcos assumiu a seleção sub-20 no susto, pela mudança na principal, com a entrada de Kleiton Lima. Estava com a sub-17 na cabeça e teve que mudar a estação para se adaptar ao novo desafio.
- O desafio era grande, já que havia apenas 3 ou 4 jogadoras nascidas em 90 com certa experiência - como as já citadas acima. Teve que montar um grupo praticamente do zero, sob muita desconfiança.
- Por falar em desconfiança, a partir das primeiras convocações já viriam os burburinhos de que "essa sub-20 não iria a lugar nenhum". Foi mais um obstáculo.
- A partir da convocação de novembro de 2009, Marcos passou a investir ainda mais no talento e conseguiu resgatar algumas jogadoras que estavam escondidas.
- No torneio de Alegrete viria o auge da desconfiança, pelos resultados, diria, modestos (empate com Uruguai e derrota para o Paraguai). Porém, Marcos manteve boa parte daquele grupo e apostou na sua capacidade de treinar uma equipe com um pouco mais de tempo.
- Com mais de um mês de de preparação, pode colocar as meninas em forma, achar um esquema tático e botar esse time pra rodar. Chegou ao Sulamericano da Colômbia tinindo e atropelou todo mundo, em todos os aspectos do futebol (6 vitórias em 6 jogos, 25 gols marcados e 3 sofridos).
Isso que foi exposto acima é o que todo mundo (ou boa parte) viu. Poucos conhecem, entretanto, o trabalho de formiguinha feito nos bastidores, a capacidade de garimpar e achar atletas em todo o Brasil, a postura democrática e aberta ao diálogo. E, sobretudo, a discrição. Não há marketing. Há trabalho e seriedade.
Da atual sub-17 e sub-20, quantas jogadoras tem o dedo de Marcos Gaspar? Diria que 90% das atletas passaram pelo seu crivo. Sua importância para renovação do futebol feminino brasileiro, portanto, é grandiosa. Essa obstinação e tenacidade que tem o capricorniano Gaspar frente aos desafios sempre será digna de elogios (mesmo que ele seja avesso a eles).
Nesse momento, ele é O CARA do futebol feminino brasileiro, com justiça. Que venha a Alemanha!
2 comentários:
Com as peças que tinha à disposição, acho que a equipe apresentou um futebol dentro do esperado, mas tomara que o Gaspar consiga melhorar o meio-de-campo para o Mundial (mais troca de passes e menos chutes sem noção). Foi uma bela sacada botar a Estergiane como volante, a atuação dela me surpreendeu.
Concordo com o que Mozart disse em tudo, mas concordo tambem com o que nosso amigo Marcelo disse, acho que a estergiane no meio foi uma otima sacada, mas ainda sim o brasil sente falta de uma volante com qualidade ao lado dela, talvez a troca no meio e a inclusao de uma outra zagueira ou o recuo da estergiane enfim, o time foi bom mas ainda sim pode comprometer no mundial espero que nessa nova convocação de maio ele faça as mudanças necessarias.
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