Laylla recuperou o bom futebol no São José
O blog voltou a fazer entrevistas! Essa é a primeira da "nova Era" e, esperamos, a retomada de uma atividade importante, que ajuda o leitor a conhecer melhor nossas jogadoras.
A jovem volante Laylla tem características raras: boa técnica, cabeça erguida e poucas faltas. Além disso, tem um ótimo nível intelectual e nos concedeu uma interessante entrevista. Confiram:
FM: Como de praxe, conte-nos sobre seu começo no futebol?
Laylla: Então, comecei como normalmente no Brasil uma jogadora inicia no futebol: jogando na rua e na escola. Consegui o primeiro teste em 2005 no Clube Atlético Mineiro, onde tive a oportunidade de jogar campo pela primeira vez e disputar um campeonato expressivo.
FM: Em seguida, você conseguiu uma transferência ao Santos. Sair de Minas Gerais e da casa dos pais foi difícil?
Laylla: No começo sim. Sempre tive uma ligação muito forte com meus pais (tenho até hoje) e isso dificultou um pouco, até porque eles eram meu maior apoio. Sabíamos, porém, que essa transferência deveria ser feita se realmente este fosse meu sonho, pois em São Paulo eu encontraria mais oportunidades para poder exercer tal profissão. E depois de um tempo você se "acostuma" a conviver com diferentes pessoas e a suporta a ausência dos familiares.
FM: Estar no Santos é o sonho de quase toda menina que joga futebol no Brasil. Como você avalia sua passagem pelo clube?
Laylla: Foi uma experiência muito boa ter jogado lá, onde tem muitas jogadoras experientes e de referência no meio futebolístico. Foi um período de grande aprendizagem, onde passei, como toda jogadora, por boas e más fases. O fato de ser um time expressivo no Brasil e ter um bom "marketing" faz com que as pessoas achem incrível jogar no Santos. Realmente é uma escola para qualquer jogadora estar do lado de atletas como Aline Pelegrino, Franciele, Danielle, Érika, Thorun. Isso como experiência realmente contribui muito na formação de uma jogadora, e é o maior aprendizado que pude ter: jogar ao lado e poder conviver durante um tempo com elas.
FM: Tivemos duas situações distintas em suas passagem pelo Santos: uma lesão grave no joelho e, em 2009, uma convocação para a seleção sub-20. O que esses momentos representaram na sua carreira?
Laylla: Bom, como eu disse, são as boas e más fases na vida de uma jogadora e minha lesão hoje tiro como uma das maiores lições da minha vida, onde tive a oportunidade de estar um pouco fora dos campos e aprender e perceber muita coisa que acontecia e girava em torno de nós atletas. Hoje eu agradeço muito a Deus por essa lesão, pois a partir do momento que eu me machuquei muita coisa mudou na minha vida, e posso dizer que a maioria delas para melhor. Em seguida, a convocação para a sub-20, que foi uma experiência muito boa, até porque o máximo onde uma jogadora pode chegar é a seleção. Foi uma convocação diante de um periodo dificil que eu passava, mas eu pude contar com a ajuda diretamente de pessoas que eu conheci, em especial de um amigo que fez com que isso fosse concretizado.
FM: Após 3 anos com as Sereias da Vila, em 2010 veio o convite de São José e 6 meses muito bons no Vale do Paraíba. Avalie essa mudança e experiência?
Laylla: Eu diria que foi uma das minhas melhores experiências no Brasil, num time que eu tive um receptividade diferenciada dos outros e a oportunidade de jogar quase toda a primeira parte do Paulista. Sou eternamentente grata ao Professor Márcio, ao Paulinho e ao Adílson, pela confiança que me passaram e eu diria que fizeram com que proporcionasse a boa fase que vivo hoje, não só no âmbito profissional, dentro de campo, mas também pessoal. Mais uma vez, a oportunidade de jogar com atletas experientes como Bagé, Michele, e todas as outras que com certeza fazem parte desta lista. Não só jogar com elas, mas conviver fora de campo, e poder passar o pouco da minha experiencia para jogadoras mais novas. É gratificante ver garotas como Luana, Poliana e Nathalya (FM: três atletas com passagens pelas seleções de base) estarem jogando num grande time e desempenhando um bom trabalho. É como voltar no tempo e ver o meu começo. Posso dizer que devo muito do meu presente momento ao São Jose.
FM: Nesse momento, você se encontra em San Antonio, no Texas, onde treina forte em pré-temporada. Como surgiu essa oportunidade de sair do Brasil e disputar a forte liga universitária nos EUA?
Laylla: Bom, é inacreditável, pois eu sempre convivi com uma proposta de universidade, mas sempre adiei por estar nova e tudo mais, até que chegou o ponto em que eu me achava preparada, tanto profissionalmente quanto psicologicamente, para deixar tudo no Brasil e vir atrás dessa nova experiência. Estamos em pré-temporada agora, treinamos das 6h às 11h e das 15h às 18h; treinos muito pesados e bem diferentes do Brasil. Dia 20 estreamos pela liga universitária de primeira divisão, onde será, com certeza, uma nova espectativa e um novo aprendizado. É um pouco mais difícil, pois terei que conciliar a faculdade (provavelmente Engenharia Química e Biomédica) com os treinos e jogos, mas nos EUA isso funciona com um pouco mais de facilidade. Posso dizer que é uma oportunidade imperdível e temos muito mais apoio do que qualquer clube no Brasil. Tenho boas espectativas com esse time, e esperamos desempenhar um bom papel na liga.
FM: Para encerrar a entrevista, você que chegou a treinar com o grupo, como viu o desempenho da seleção sub-20 no Mundial da Alemanha?
Laylla: Bom, acho que não ocorreu dentro das espectativas de todos nós. Poderíamos sim ter ido adiante. Talvez, o fato de ter jogadoras sem tanta rodagem internacional tenha dificultado o desempenho da seleção, mas devemos tirar como aprendizado pra não cometer os mesmos erros no proximo mundial. Tínhamos totais condições de lutar pelo título, mas as estrelas que todos queriam ver brilhar não se destacaram tanto, e vi a volante Ester muito sobrecarregada. Ludmila, por outro lado, foi muito bem e surpreendeu a todos no campeonato.
Ficha técnica:
Nome: Laylla Mariana Rodrigues da Cruz
Data de nascimento: 12-11-90
Altura: 1,73m
Peso: 62Kg
Clubes: Atlético-MG, Santos, São José e UTSA.