sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Balanço

Gaspar fez grande trabalho, mas o talento é fundamental
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A seleção brasileira se despediu de forma digna do Mundial Sub-17. Fez uma boa partida diante das nigerianas, mais pela vontade e desejo de evoluir no torneio. O Brasil sofreu na competição por alguns motivos, mas destacaria dois como fundamentais: falta de talento e dificuldade para se organizar durante as partidas. Um, na verdade, está relacionado ao outro.


Com as perdas de Fabi e Bia, duas jogadoras referenciais, foi lançado mão de Juliana Cardozo, do Saad, e Juliana Ferreira, do Team Chicago. Nada, absolutamente, contra as garotas. Porém, a diferença para as titulares é gigantesca. Como atuam no coração da equipe, que é o meio campo, comprometeram sobremaneira o desempenho do time e expuseram a defesa, uma vez que a difuculdade na saída de bola foi a tônica.


Ou seja, suas atuações individuais prejudicaram a organização da equipe, acostumada com mais talento do meio para a frente, com gente que segurava a bola e criava dificuldade aos adversários, permitindo, inclusive, o adiantamente das linhas de defesa. Sem os talentos de Bia e Fabi, tudo ficou mais difícil e as escolhas de reposição não foram boas.


Marcos Gaspar fez grande trabalho e os frutos dele estarão nos próximos anos na seleção principal. Entretanto, talento e técnica sempre serão a prioridade no futebol. O resto a ciência dá conta.

domingo, 2 de novembro de 2008

Voltando...

Patinha contra a Coréia - volta importante para o Brasil


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Depois de mais de dois meses sem postar, em virtude de uma série de situações e mudanças na vida, creio que o momento é importante demais para não expressar minha opinião. Está rolando o Mundial Sub-17, super divulgado nesse blog, com uma série de posts, desde antes do Sul-Americano de Janeiro. Esclareço aos leitores que também comecei a realizar a atividade de olheiro e tive o prazer de indicar duas atletas catarinenses para essa seleção. A goleira Daniele (camisa 21), do Guarani, de Palhoça, e a zagueira Carine (camisa 13), do Kindermann, de Caçador.


O Mundial começou e tivemos duas derrotas. Creio que o trabalho de Marcos Gaspar é muito bom, sobretudo porque pegou uma seleção do zero e foi montando o grupo - numa verdadeira (e dura) peregrinação pelo Brasil, com pouco tempo de treinamento. Tive o prazer de poder ajudá-lo, um pouquinho que seja. Esse trabalho deixará uma série de boas jogadoras para os próximos anos. Beatriz, Rafaelle e Thaís só não vingarão se acontecer algo muito inesperado. Aline cresceu demais como goleira. Ao vingarem, méritos totais para Gaspar, que tem "só" a Marta no currículo de revelações. Ou seja, gabarito de sobra para ocupar o posto de selecionador sub-17.


A minha única crítica é conceitual e ele sabe disso. Talento é fundamental e sempre será. Futebol não é força e velocidade. Tudo que o treinamento desportivo tem de responsabilidade na evolução do futebol, pode ser aprimorado e trabalhado. Porém, há fundamentos que a jogadora já precisa dominar para ser convocada para uma seleção. Não acredito que algumas atletas não tenham rendido apenas pelo nervosismo ou ansiedade. Há uma perigosa inversão de valores, principalmente ao negligenciarmos a técnica, para valorizar qualidades físicas. Mesmo as seleções menos talentosas desse Mundial são organizadas e acertam a maioria dos passes.


Perdemos a Bia, pilar técnico do time. Tivemos uma certa falta de sorte. A preparação não foi a ideal, em virtude do pouco tempo e da falta de jogos internacionais duros. Marcos tem muito crédito. Porém, não vou me furtar de colocar o que penso publicamente. Tecnicamente e taticamente fomos muito abaixo dos adversários até agora. Esperamos que contra Nigéria haja uma evolução. Capacidade temos, dentro e fora de campo.